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Conheça Jheni Ferreira, estilista brasileira que estreia na semana de moda de Londres

  • aliciabgouveia12
  • Apr 24, 2024
  • 3 min read

por Alicia Gouveia



Um moletom de mais de 18 anos e um tecido de organza com tule tão antigo quanto o primeiro foram os recursos que Jheni Ferreira precisou para viralizar no Instagram. Nascida no interior de São Paulo, a antrópologa por formação cresceu em uma família de mulheres que costuravam e sempre esteve conectada com a moda de uma forma ou de outra.


A começar pelo brechó que abriu aos 17 anos para custear sua graduação. "Depois que me formei, não encontrei muitas oportunidades de trabalho nas ciências sociais. Então, fui para Salvador estudar dança, me mudei para São Paulo e trabalhei como lojista por alguns anos, de domingo a domingo. Pedi demissão, peguei minha rescisão e fui para a Europa", contou Jheni em entrevista à Vogue Brasil.


A viagem, incentivada por alguns amigos que tinham exposições marcadas na Suécia e em Paris, serviu de laboratório para Jheni, que se deparou com novas maneiras de produzir e consumir moda, como o upcycling: "Pensei que tinha tanta coisa antiga de ótima qualidade e texturas interessantes, quando voltei para a casa dos meus pais decidi fazer algumas peças. Fiz umas dez, postei um Reels e tudo começou".



Quando Jheni diz "tudo começou", ela está se referindo aos convites para participar de editoriais com a sua marca, a SSJHENI, além de equipes de artistas como Pabllo Vitar e Luísa Sonza entrarem em contato interessadas em suas criações.


"Nada foi programado. Como faço tudo sozinha, nunca comercializei as peças, sempre aluguei. Para além do apego emocional, também tenho pouca produção e, se vendo, perco o modelo, porque cada peça é única", diz a designer, que coleta matéria-prima em deadstocks do Brás com catadores de lixo e em brechós. "O mais legal nessa estrutura de negócio é que pessoas comuns têm a oportunidade de usar um look que foi capa de álbum, por exemplo".





Depois de dois anos da criação da marca, Jheni foi convidada a fazer uma participação nesta edição da London Fashion Week. "Quando recebi o e-mail, fiquei desacreditada. Pedi para uma amiga ler porque tinha certeza que tinha alguma coisa errada [risos]. Está sendo uma loucura, porque tem muita coisa envolvida e toquei tudo à distância, mas senti que era a minha oportunidade", conta ela que confessa que ainda é surreal ver seu nome no line-up de uma das principais semanas de moda do mundo.


Marcada para 20 de setembro, um dia depois do funeral da rainha Elizabeth II, a estreia de Jheni nas passarelas acontece no Hoxton Gallery, em Londres, e contará com cerca de 20 looks, que fazem uma sobreposição de materiais reciclados e reutilizados. "Muito da estética que eu tenho veio da minha avó, que é uma mulher econômica que teve que sustentar sua família. Quando a calça jeans do meu avô ficava velha, por exemplo, ela fazia remendos e, depois, transformava em tapete", lembra.


Com apoio financeiro e estrutural da Riachuelo, que disponibilizou retalhos de tecidos, Jheni apresentará uma coleção de peças únicas que não serão comercializadas após o desfile. "Acredito muito na moda como arte e gosto de me deparar com o inesperado que já existe no mundo, criar a partir disso. Para mim, um brechó é como um museu, onde você estuda a história da humanidade através dos fios e tramas. Seja no meu trabalho com os catadores ou nos deadstocks, minha premissa é que já temos materiais suficientes no mundo, não precisamos criar mais nada, só ressignificar e customizar", diz ela. "Meu sonho é ser uma artista de galeria ou museu para levar a arte em tecido ao mesmo nível de esculturas, telas e outras obras".

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